Caminhos e meios para financiar os media
A “Necessidade de financiamento dos media: quem vai pagar pelo jornalismo?” foi o tema da conferência proferida no terceiro dia do 5.º Congresso dos Jornalistas pelos convidados Joaquim Fidalgo (Universidade do Minho) e Sameer Padania (Macroscope).
Joaquim Fidalgo declarou que não trazia uma conferência, mas sim uma notícia e, ao longo da palestra, expôs os financiamentos existentes nos media em 13 países, dando conta que a França, com 67,78 milhões de cidadãos, tem um financiamento anual de 110 milhões de euros, mas a Bélgica recebeu um financiamento público de 170 milhões de euros, apesar de ter apenas 11,6 milhões de habitantes. Mas Joaquim Fidalgo sublinha que o número de jornais distribuídos por dia, neste país, chegam aos 500 mil exemplares.
No que diz respeito aos Países Baixos, que tem 17,5 milhões de cidadãos, os media têm um financiamento público de 19,3 milhões de euros, disposto pelo Fundo “Stimuleringsfonds voor de journalistiek”. Na Áustria, os media receberam 124 milhões de euros, aos quais acresce um apoio indireto de 201 milhões apenas na cidade de Viena. Mais do dobro do que recebem na Dinamarca, com 52 milhões de euros de ajudas diretas (em 2021) e 100 milhões de ajudas indiretas. Já a Noruega, segundo o professor, os media receberam em 2021 42 milhões de euros de ajudas diretas, tendo uma população de 5,4 milhões de habitantes, quase tantos como a Finlândia (5,5 milhões), onde os media tiveram um financiamento de 0,5 milhões de euros e 71 milhões em apoios indiretos. No que diz respeito à Islândia, com uma população de 370 mil habitantes, obtiveram um financiamento público de 2,6 milhões de euros, em 2021 e a Suécia 102 milhões de euros de financiamento público. A Itália, com 59,1 milhões de cidadãos, obteve 88 milhões de euros de ajudas diretas (relativamente às publicações, sejam estas cooperativas, fundações, entre outras); em Espanha tiveram um financiamento público, em 2020, de pelo menos 12 milhões de euros. A Alemanha não tem qualquer financiamento público concedido aos meios de comunicação.
Joaquim Fidalgo, referiu que as técnicas mais recentes de financiamento público dos media são os subsídios; os benefícios fiscais; a publicidade e apoio a projetos.
Por sua vez, Sameer Padania (Macroscope) expôs justamente “os novos caminhos para financiar o jornalismo”. Começou por abordar o ambiente adverso que o jornalismo se encontra, como as ameaças políticas, a segurança e proteção (a precariedade e as ameaças a jornalistas), ameaças no online, entre outras.
Referiu também que existe um mercado injusto nesta área e realçou alguns pontos onde o jornalismo é importante, como por exemplo, para a justiça, grupos religiosos, sindicatos, governo local e político e para o setor criativo e cultural. Sublinhou ainda a necessidade de existir consenso político no que respeita ao financiamento dos media e da informação em Portugal, sem esquecer outro tipos de financiadores, como por exemplo, fundações, administrações municipais e locais e empresas.
Por: Inês Martins | Universidade Lusófona
Fotografia: Melissa Dores | IP Coimbra
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