Terão os jornalistas (e a opinião pública) algum poder para mudar o rumo dos conflitos? A reflexão de um repórter de guerra
No Público, o jornalista esloveno Boštjan Videmšek, que nos últimos 20 anos cobriu as guerras do Kosovo, Afeganistão, Somália, Iraque, República Democrática do Congo, Gaza, Darfur, Líbano, Paquistão, Sudão do Sul, Curdistão, Síria e Líbia, reflete sobre a situação na Ucrânia e a forma como os jornalistas e a opinião pública acompanham estes acontecimentos.
“[Às imagens do início da guerra ] seguiu-se o inevitável conflito nas redes sociais: uma verdadeira enxurrada de loucura, mentiras, teorias conspiratórias e, sobretudo, opiniões. Opiniões inamovíveis, baseadas em pouco mais do que uma total falta de empatia. Mas hoje a opinião é rainha, e o conhecimento semi-alfabetizado reina de forma suprema.
Como jornalista que fui toda a minha vida, é muito difícil aceitar a ideia de que é esta enxurrada de loucura que está a destronar a minha profissão. É verdade que parte da culpa pode ser atribuída à nossa complacência – a dos jornalistas. Mas o facto é que fomos praticamente despojados do privilégio da interpretação. Em certo sentido, a ascensão das redes (anti)sociais está a transformar-nos em expatriados intelectuais.”
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