Este Verão está mesmo a ser uma silly season para os media portugueses.
Com a particularidade de os media serem os seus próprios fornecedores de tontarias.
Lembrando algumas notáveis, o dono do grupo Global Media contratou uma jornalista para criar um núcleo de investigação exterior aos jornais do grupo e “esqueceu-se” de avisar as respectivas directoras; um jornalista que está na TSF desde o início queixou-se de bullying e leva o caso a tribunal; a direcção do “Público” resolveu ‘despublicar’ um artigo, alegando que tinha havido um “erro de controlo editorial”.
Nas televisões o panorama não é muito diferente, embora a Palma de ouro vá para o canal submetido à batuta de uma mitómana que diz ter a missão de salvar a TVI, numa espécie de fusão entre Joana d’Arc e a santinha da Ladeira.
Imagina-se, por isso, qual terá sido a minha reacção, ao saber que o presidente do Conselho de Opinião da RTP, Coelho da Silva, propõe para a função de provedora do ouvinte e do telespectador da empresa pública, respectivamente, as jornalistas Graça Franco e Ana Sousa Dias. (João Alferes Gonçalves)

Entendamo-nos: não estou nem quero fazer uma avaliação das capacidades técnicas das duas profissionais no exercício da actividade jornalística. Mas a simples sugestão de que poderiam ser propostas para o cargo de provedoras deixa-me… estupefacto.

Em termos formais, ainda estamos na fase do rumor, mas a minha fonte é suficientemente bem informada e altamente fiável.

O presidente do Conselho de Opinião terá solicitado à administração a indicação de três nomes para cada um dos provedores, mas além disso resolveu tirar da cartola um quarto nome tanto para a rádio como para a televisão.

Decisão incompreensível a mais que um título, sendo conhecida a agenda pessoal de Coelho da Silva, que aspira ao cargo de presidente da administração da RTP.

O Conselho de Opinião já deu mostras, em ocasiões anteriores, de ter uma concepção sui generis da função de provedor numa empresa pública de comunicação. Espero que a administração de Nicolau Santos faça valer a sua própria concepção, a bem dos ouvintes e dos telespectadores da RTP.

23 agosto 2021

João Alferes Gonçalves

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