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25 de Novembro: Afinal ainda há muito por e para contar

29 de Novembro de 2016


Por Ribeiro Cardoso

No passado dia 24 de Novembro, na Casa da Cultura de Coimbra, realizou-se um interessante debate sobre o 25 de Novembro de 1975. Obviamente, a chamada grande imprensa nacional esteve ausente, embora a Lusa tenha marcado presença e feito uma notícia.

Frente a frente estiveram dois capitães de Abril que, no 25 de Novembro, estiveram em barricadas diferentes: os hoje coronéis Vasco Lourenço e Diamantino Gertrudes da Silva.

Manuela Cruzeiro, respeitada historiadora, apresentou e conduziu o debate, que teve casa cheia – prova provada que o tema 25 de Novembro de 1975 continua, passados 41 anos, vivo e bem vivo no nosso imaginário colectivo e, mais importante ainda, tem muito para revelar, pois o que dele veio a público é apenas uma parte do que realmente aconteceu, como muitos portugueses suspeitam e alguns têm mesmo a certeza. De resto, o próprio coronel Vasco Lourenço disse em Coimbra, alto e bom som, que tem vindo a saber coisas que desconhecia. Que nunca a voz lhe doa.

A intervenção do coronel Gertrudes da Silva foi muito sucinta e bem estruturada, baseando-se naquilo a que chamou “As quatro antinomias do 25 de Novembro” que urge esclarecer e por isso mesmo ali as desenvolveu:

  1. Outono da Revolução ou início da democracia
  2. “Golpe de Estado” ou quantos golpes afinal
  3. Deveu-se a um acaso ou a uma estratégia
  4. Fatalidade ou questão de necessidade

Uma nota: Gertrudes da Silva, militar e cidadão que hoje poucos conhecem mas continua bastante activo e lúcido, é na actualidade um homem de cabelos brancos, olhar firme e rosto sereno. Nascido no concelho de Moimenta da Beira em 20 de Fevereiro de 1943, 20 anos mais tarde ingressou na Academia Militar, seguindo depois a carreira de Oficial do Exército, na Arma de Infantaria, até ao posto de coronel em que passou à actual situação de reserva.

No tempo próprio cumpriu duas comissões por imposição na Guerra Colonial – a 1ª em Angola e a 2ª na Guiné. À margem das suas ocupações profissionais militares, em 1980 concluiu a Licenciatura em História na Universidade de Coimbra.
Para além das condecorações geralmente atribuídas aos oficiais com um normal desempenho, foi ainda agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pela sua participação no Movimento do 25 de Abril de 1974. Ou, como ele gosta de dizer, no MFA, que traz orgulhosamente no coração, considerando-se, acima de tudo, um Capitão de Abril.

E já agora acrescente-se que, com base na sua experiência militar e cívica escreveu e publicou quatro livros: entre 2003 e 2007, uma trilogia  que percorre a Guerra Colonial e a Revolução do 25 de Abril, com os títulos “Deus, Pátria e… a vida”, “A Pátria ou a Vida” e “Quatro Estações em Abril”; em 2011, “Tempos sem Remição”. Livros significativos para se poder perceber uma parte da nossa História recente.

Já a intervenção do coronel Vasco Lourenço – personalidade que todos os portugueses conhecem, cidadão e militar que esteve sempre na primeira linha quer da Revolução dos Cravos, quer no 25 de Novembro – foi longa, pormenorizada e com o picante, atrás referido, de ter vindo a ter conhecimento de muita coisa que desconhecia sobre o 25 de Novembro.

Na essência, Vasco Lourenço leu, resumindo aqui e ali, e acrescentando acolá, o significativo texto que propositadamente escreveu para o livro “25 de Novembro, Reflexões”, publicado recentemente com numerosos depoimentos, já conhecidos, de numerosas personalidades civis e militares. Quase todas de uma banda só.

Eis o seu depoimento.

 

O 25 de Novembro de 1975 (pdf)

 

 

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