CJ na TV
O programa “Clube de Jornalistas” arrancou a 11 de Janeiro de 2004 com um tema/interrogação permanentemente actual: “O que é ser jornalista hoje?”
Moderado por Ribeiro Cardoso, teve em estúdio três convidados: Augusto Santos Silva, Estrela Serrano (então Provedora de Leitores do “DN”) e Eduardo Dâmaso (na altura subdirector do “Público” e hoje director-adjunto do “DN”).
Por outro lado, contou ainda com depoimentos dos seguintes jornalistas: António Cerejo e Ana Sá Lopes (do “Público”), Maria Augusta Santos Silva (“DN”), Cecília Carmo e Daniela Santiago (“RTP”), Peres Metelo (“TVI”), Manuel Vilaboas e Paulo Guerra (“TSF”), Tiago Fernandes (“Visão”) e José Luís Garcia (sociólogo).
Emitido semanalmente – excepção feita às semanas de Agosto, mês de “pousio” devido à programação do canal – o “Clube de Jornalistas” já conta com 94 edições, levou a estúdio cerca de 200 destacados jornalistas dos principais órgãos de informação do país e registou a opinião de muitas dezenas de outros profissionais do jornalismo escrito, radiofónico, televisivo e on-line.
Porém, como desde a primeira hora foi afirmado, o “Clube de Jornalistas” não é um programa corporativo. Não pretende discutir o jornalismo em circuito fechado, virado para dentro. Não ouve apenas jornalistas e tem sempre uma perspectiva crítica do exercício da profissão. Ao longo destes dois anos foram também convidados para estúdio e gravaram depoimentos mais de cem personalidades de relevo de diversos quadrantes ideológicos e profissões várias: sociólogos, professores universitários, historiadores, políticos, juízes, advogados, patrões dos media e empresários.
A partir de Outubro de 2004 o “CJ” passou a contar, mensalmente, com um outro formato: o da entrevista a personalidades ligadas à comunicação social ou com opinião relevante sobre este sector. Até hoje foram entrevistados Pacheco Pereira, Miguel Sousa Tavares, Emídio Rangel, Francisco Pinto Balsemão, António Barreto, Manuel Vilaverde Cabral, Augusto Santos Silva, Eduardo Prado Coelho e José António Saraiva.
Uma estrutura mínima
Para concretizar este projecto, e face aos escassos meios de que dispõe, o Clube de Jornalistas montou uma estrutura, naturalmente pequena, mas que mesmo assim apenas é possível devido ao empenhamento e paixão de sócios seus.
Em primeiro lugar, constituiu-se um Conselho Editorial, que reúne semanalmente nas instalações do Clube para escolher os temas a debater e as formas de os abordar, bem como para decidir quais os convidados para estúdio e para prestar depoimentos. Mário Mesquita , Estrela Serrano, Fernando Correia, Carla Martins (todos docentes universitários que são ou foram jornalistas), Daniel Ricardo (Visão), António Borga (RTP), Maria Flor Pedroso (RDP) e Patrícia Fonseca (Visão), constituíram o núcleo inicial desse Conselho, que inclui ainda os responsáveis editoriais do projecto: Eugénio Alves e Ribeiro Cardoso, respectivamente Presidente e vice-presidente do Clube.
João Alferes Gonçalves, Paula Moura Pinheiro e ultimamente João Paulo Meneses (TSF, Porto) juntaram-se entretanto ao grupo.
Outro ponto relevante foi a disponibilidade e entusiasmo com que sete sócios do CJ aceitaram ser moderadores dos debates: Estrela Serrano, Maria Flor Pedroso, António Borga, Ribeiro Cardoso, Carla Martins, Paula Moura Pinheiro e João Paulo Meneses.
Factor igualmente importante para que o projecto se pudesse concretizar foi o protocolo estabelecido entre o CJ e a Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa) que, graças ao empenhamento do seu Conselho Directivo e ao interesse manifestado desde o primeiro momento pelo prof. Vítor Macieira e pelos docentes da área de televisão, disponibilizou meios técnicos e humanos, com destaque para Miguel Baptista e Diogo Justino
Uma palavra ainda para a Produtora “Mínima Ideia”, que presta apoio ao CJ na área da produção executiva do programa: cinco dos seus profissionais – Ana Rodrigues, Luís Hipólito, Paulo Galvão, Joana Pessoa e Maria Rita – integraram-se com entusiasmo no espírito deste projecto e têm possibilitado o seu bom andamento.
Por fim, de registar o excelente entendimento com todos os profissionais da RTP Meios, que “vestiram a camisola” e todas as semanas, tendo por fundo o sugestivo cenário do arquitecto António Polainas, “jogam” com entusiasmo no Clube de Jornalistas.
E assim se faz semanalmente um programa de televisão de 55 minutos chamado “Clube de Jornalistas”, o único que na televisão portuguesa tem por finalidade debater exclusivamente questões relacionadas com o mundo da informação – escrita, radiofónica, televisiva e on-line.
Audiências
Nos seus dois anos de vida o programa “Clube de Jornalistas” já conheceu quatro dias diferentes de emissão: domingos ao fim da tarde, e segundas, quartas e quintas-feiras ao fim da noite e até de madrugada.
De Janeiro a Julho de 2004 foi emitido às 19 horas de domingo. Nesse período esteve quase sempre no “top-ten” dos programas mais vistos do canal, com excepção dos dias em que, à mesma hora, havia futebol em directo num dos outros três canais abertos.
Por duas vezes chegou mesmo a ser o programa mais visto de “A 2:”: no dia 25 de Janeiro, com o tema “O jornalismo e o Poder Político”, moderado por Estrela Serrano e com Jorge Coelho, José Arantes e Ricardo Costa como convidados (208 mil espectadores, 5,7% de share); e no dia 8 de Fevereiro de 2004, com o tema “As Fontes e o Sigilo Profissional dos Jornalistas”, moderado por Maria Flor Pedroso e com o advogado António Pinto Ribeiro, a jornalista Cristina Figueiredo e o sociólogo Paquete de Oliveira em estúdio (161,5 mil espectadores, 5% de share).
A partir de Setembro de 2004 e até hoje o “Clube de Jornalistas” mudou por três vezes de dia de emissão e, apesar de anunciado para as 23 e 30 de segunda-feira, primeiro, de quinta-feira, depois, e de quarta-feira a seguir (dia em que continua a ir para o ar) começa quase sempre muito próximo ou até depois da meia-noite. Mesmo assim, por vezes situa-se entre os programas mais vistos do canal, como, entre outras emissões, aconteceu no dia 12 de Janeiro de 2005 com a entrevista a Pinto Balsemão, que se classificou em 8º lugar no «ranking» do canal, com 93,7 mil espectadores e 6,2% de share. Curiosamente, este programa foi repetido às 15 horas do dia seguinte e o número de telespectadores subiu para 130 mil, com 4,1% de share.
Este, contudo, é apenas um apontamento que pode dar uma pequena ideia do potencial do programa. Significativo mesmo, pelo menos para os responsáveis do Clube de Jornalistas, é que há um canal que transmite regularmente o debate de importantes questões do exercício do jornalismo (uma profissão de importância maior e estruturante em qualquer sociedade democrática) e muita gente o vê, ultrapassando largamente o âmbito dos profissionais do sector.