Morreu André Martin
O jornalista André Martin, antigo especialista da TSF em questões da América Latina, faleceu ontem, com 79 anos, depois de ter estado internado com uma pneumonia.
A figura de André Martin é evocada assim por Paula Mesquita Lopes, na página no Facebook do grupo Jornalistas:
Acabei de saber que morreu o André Martin. Muitos dos que acompanham o jornalismo nos últimos 20 anos, lembrar-se-ão imediatamente dele – um uruguaio de português arrevesado com um sotaque que denunciava as origens sul-americanas.
Para outros, mais novos ou menos ligados a esta profissão, devo lembrar que foi o André Martin que ajudou toda uma geração de jornalistas a conhecer melhor e a compreender a geo-política da América Latina na década de 90. E se essa década foi rica em movimentações políticas naquele continente.
O André Martin era o especialista em assuntos da América Latina, na TSF, no tempo em que a TSF “inaugurou” a figura do comentador especializado, que hoje faz escola em todas as rádios e televisões, mas que no inicio dos anos 90 era uma novidade.
O André, antigo guerrilhei…ro no seu país e, seguindo a missão de José Marti, guerrilheiro em todos os países que na América do Sul precisavam de uma revolução, foi um preso político, por exemplo no Brasil, e conhecia por dentro as realidades e os protagonistas da política de diversos países. Com ele ficámos todos a saber mais sobre as lutas dos sem-terra, sobre a invasão da Amazónia pelos madeireiros, sobre os golpes palacianos e a corrupção que levaram ao impechmeant de Collor de Mello, sobre as derrotas sucessivas de Lula da Silva na candidatura à presidência do Brasil, sobre a realidade de Cuba para lá da lenda de Fidel Castro, sobre as movimentações políticas que levaram Hugo Chavéz ao poder e sobre tantos outros assuntos que na altura eram fundamentais e que o passar dos tempos tornou irrelevantes.
O André Martin era um daqueles homens que transportava consigo a cultura de um continente. Um homem que ao longo de todo o século XX testemunhou a história, interpretou-a e deu-a a conhecer, de forma simples e com um doce sotaque aos portugueses que queriam saber mais sobre o fim da rua mas também sobre o fim do mundo.
Com Fernando Alves, o André Martin protagonizou um dos momentos da história da rádio em Portugal – a subversão de uma conferência de imprensa do líder cubano, em Havana, que se transformou numa grande entrevista de André Martin e Fernando Alves a Fidel Castro, perante o silêncio respeitador de jornalistas de todo o mundo.
Obrigada, André, pelo exemplo de coragem, pelos ensinamentos e pela amizade.
Soy uruguaya y hasta casi el momento de su muerte desconocíamos la figura de André Martin, su trayectoria como hombre y su trabajo como periodista.¿Es posible que me envíen más artículos de este hombre uruguayo y periodista?
Soy Judith Artigas desde Uruguay,André es Leogardo Artigas López en mi país, exiliado por la dictadura, hombre de ideas profundas para mejorar la situación de los pueblos. Nosotras dos hermanas uruguayas, quedamos separadas de él hasta hace 14 dìas, en que lo encontrò por el Pit.cnt el Sr.Raúl Olivera, y mi hermana Anahí de Portugal, porque son dos Anahí ,una Judith y un André los que quedamos para su legado de amor y cultura. 14 días solamente, separados por crueles dictaduras militares, no nos dieron la oportunidad aquí de tener padre. Ahora tengo familia en Portugal, y agradezco a su país por haberlo cobijado y dado cariño de hogar.Gracias .
Señores jornalistas , les cuento tambien que nuestro hermano Andrè està en Chile, as`que papà logrò unir Europa y Amèrica… con amor. Quisiera que su nombre aparezca como en Uruguay como es de nacimiento Leogardo Artigas Lòpez.Si fueran tan amables , su esposa es la mamà de mi hermana Anahi Gonçalvez Artigas, yo los conozco desde hace 17 dìas, no estoy interiorizada como es alli. Obrigado…obrigado
Lamento que la vida no me dio la oportunidad de conocerlo, por aquí en su paisito lo hubiéramos necesitado; estamos en un momento político crucial, en general los viejos militantes de izquierda no sabemos cómo salir en estas circunstancias.
Como su hija militante sindical y política, hubiera necesitado de su experiencia para discernir que es lo que está pasando, porqué algunos han arreado tan fácilmente las banderas, dejando a los más débiles expuestos a la vieja opresión neoliberal.
Hoy me enfrento a la idea de que nunca le pude ver el rostro, ni escuchar sus sabios consejos; lo único que me queda para mí y mis hijos, sus nietos, es predicar lo que pensamos, con el ejemplo.
Foi com o André e graças a ele – que tudo fez para o conseguir – que a TSF cobriu as eleições que marcaram o princípio (?) da transição democrática no México. Foram dias tumultuosos, esses, de Agosto de 1994, passados na gigantesca capital mexicana, cuja grande praça central, El Zócalo, era palco diário dos mais variados protestos, greves de fome, manifestações, cargas policiais, comícios. Ali, nos chegavam os ecos próximos da insurreição armada levada a cabo pelo Exercito Zapatista de Libertação Nacional em Chiapas. Ali, escutámos relatos de assassinatos e/ou desaparecimentos de sindicalistas ou activistas políticos de esquerda…
Era como estar sentado sobre um vulcão prestes a explodir. Para mim, repórter estreante nestas andanças, era fascinante e perturbador mas, para o André, era como estar em casa. Sem ele, sem o seu profundo conhecimento, sem a sua enorme capacidade de fazer amigos e amigas, aonde quer que fosse, não teria sido possível fazer metade.
Pena que ele, como outros comentadores com boa memória e posicionamento político incómodo, tenham sido afastados para bem longe das redacções.
(Para o André de quem não pude despedir-me… um abraço enorme e Hasta Siempre!)
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