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O fenómeno dos “explicadores” da guerra na Ucrânia

7 de Março de 2022


«A guerra na Ucrânia acelerou a agonia do modelo tradicional do noticiário jornalístico praticado por grandes jornais e telejornais, especialmente no Brasil. O fenómeno é visível através do aumento exponencial da audiência das lives dos chamados “explicadores” de notícias» — afirma o jornalista brasileiro e professor de jornalismo Carlos Castilho, num artigo publicado no Observatório da Imprensa.

«A avalanche de notícias gerada pela internet» – explica Castilho – «superou a capacidade dos grandes jornais e telejornais de processar todo o material recebido e oferecer a seus respectivos públicos uma visão global balanceada, diversificada e minimamente objetiva do que está acontecendo na Ucrânia. Além disso, a maioria da grande imprensa brasileira partiu para o engajamento no lado anti-russo, ignorando que o conflito é bem mais complexo do que um confronto centralizado na figura do presidente russo Vladimir Putin.»

Para o jornalista, «é cada vez maior o número de pessoas que se sentem confusas com as notícias sobre o que está acontecendo no leste europeu e procuram “explicadores” em busca de ajuda para contextualizar os fatos e entender a crise deflagrada pela reação russa à decisão da Ucrânia de entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o pacto militar entre 30 países da Europa e América do Norte, criado há 73 anos para se opor à então União Soviética, hoje Rússia».

Carlos Castilho observa que «uma característica marcante dos “explicadores”, que de alguma forma podem também ser classificados como influenciadores, é o fato da maioria não ser jornalistas. São advogados, engenheiros, economistas, historiadores, cientistas políticos e até comediantes, que disponibilizam o seu conhecimento, experiência e comunicabilidade para criar grupos de pessoas. É mais um sintoma de como o jornalismo perdeu a exclusividade no manejo da notícia. Além disso, hoje, mais importante do que saber das coisas, é entendê-las e incorporá-las ao quotidiano individual».

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