Projecto Pegasus vence o Prémio de Jornalismo Daphne Caruana Galizia de 2021
![](https://www.clubedejornalistas.pt/wp-content/uploads/2021/10/premio-daphne.jpg)
Os jornalistas do Projecto Pegasus, coordenado pelo consórcio Forbidden Stories (Histórias Proibidas), receberam hoje o Prémio de Jornalismo Daphne Caruana. A cerimónia de entrega do prémio, concedido este ano pela primeira vez, realizou-se no centro de imprensa do Parlamento Europeu e foi aberta pelo presidente da instituição, David Sassoli.
A jornalista Patrícia Fonseca, em representação do Clube de Jornalistas, integrou o júri internacional do Prémio Daphne Caruana Galizia, atribuído este ano pela primeira vez pelo Parlamento Europeu.
![](https://www.clubedejornalistas.pt/wp-content/uploads/2021/10/daphne-premio.png)
Este prémio visa distinguir investigações jornalísticas de excelência publicadas num dos 27 países da União Europeia, em homenagem à jornalista maltesa assassinada em 2017 num atentado bombista devido às investigações que assinou expondo casos de corrupção e de lavagem de dinheiro no governo de Malta.
O Prémio, no valor de 20 mil euros, foi entregue pelo presidente do Parlamento Europeu e pelo secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas esta quinta-feira, 14 de outubro, em Bruxelas, ao consórcio de jornalistas Forbidden Stories, com sede em Paris, pela investigação “Pegasus”.
Este trabalho, que envolveu mais de 80 jornalistas de 17 jornais em 10 países (entre eles o Guardian e o Washington Post), provou que os telefones de mais de 200 jornalistas, 14 chefes de Estado e dezenas de figuras políticas eram espiados por países e multinacionais usando tecnologia (spyware) da empresa israelita NSO.
Na cerimónia, os jornalistas Sandrine Rigaud e Laurent Richard, em representação da Forbidden Stories, agradeceram o prémio, lembrando que este consórcio nasceu precisamente para levar adiante o “Projeto Daphne”, em que 40 jornalistas de vários países se uniram para terminar o trabalho que a jornalista maltesa havia iniciado.
“O que continua a matar jornalistas todos os dias é a impunidade”, disse Laurent Richard. “A morte de Daphne não podia ficar impune e foi isso que disse ao seu filho [também presente na cerimónia em Bruxelas], poucos dias depois do atentado, quando lhe expliquei que iríamos continuar o seutrabalho.” No seguimento das investigações publicadas pelo consórcio de jornalistas, o primeiro-ministro de Malta demitiu-se, e vários políticos e empresários foram processados judicialmente. Por isso, concluiu Sandrine Rigaud, “estar hoje aqui, a receber este prémio com o nome de Daphne, é ainda mais especial para nós.”
O Parlamento Europeu quer com este prémio frisar que “defende firmemente a importância de uma imprensa livre, apelando aos países da UE que assegurem um financiamento público adequado e apoiem a promoção de meios de comunicação social pluralistas, independentes e livres.”
Todos os trabalhos publicados no âmbito do Projeto Pegasus podem ser lidos aqui: https://forbiddenstories.org/case/the-pegasus-project/
Comente esta notícia.