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O jornalista que saiu do coma

14 de Novembro de 2020


O “Público” perguntou ao seu novo provedor do leitor «como é que olha para a realidade do jornalismo português». Pela resposta de José Manuel Barata-Feyo ficámos a saber que ele esteve em coma durante os últimos 30 anos.
«No que diz respeito aos jornais diários portugueses, tenho uma enorme consideração pelo “Público”», diz Barata-Feyo. Só lhe fica bem esse sentimento, porque seria ingratidão não corresponder à consideração que o “Público” tem por ele.
«Ouso dizer», acrescenta, «que acho que fazia falta em Portugal um jornal onde, do ponto de vista político e ideológico, a direita se pudesse exprimir». (JAG)

Antes de termos tempo para digerir pensamento tão ousado, Barata-Feyo explica-nos que «essa lacuna, no que diz respeito à opinião, foi preenchida em Portugal quando surgiu o Observador».

É caso para nos interrogarmos por onde andou BF nos últimos 30 anos, para não ter visto a preponderância da direita nos dois canais privados de televisão (e, mesmo, na RTP), na prolífica imprensa de economia, no muy nobre e sempre leal “Expresso”, ou na revista “Sábado”.
Olhando para o leque de colaboradores do Observador, é impossível deixar de reconhecer os nomes de fogosos opinadores de direita que, antes, tinham colunas fixas no “Público” ou no “Diário de Notícias” e que ainda continuam a ter acesso às páginas de opinião do jornal de que BF é agora provedor.

Barata-Feyo conclui a sua resposta com o pensamento na direita, afirmando: «Se uma democracia for amputada de parte das suas vozes, é sempre um perigo para ela».

Um observador atento estranharia que BF tenha ignorado o facto de a imprensa dominante em Portugal estar a amputar sistematicamente há décadas as vozes do PCP, o que representa, na sua visão pessoal, «um perigo para a democracia».

Penso que devemos ser condescendentes com essa análise defeituosa, tendo em conta que Barata-Feyo despertou, certamente, há pouco tempo, de um estado comatoso.

João Alferes Gonçalves

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1 Comentário »

  • maria susete freitas said:

    Tinha a convicção de que BF era um jornalista sério.
    as posições que hoje assume só se compreendem por ter
    permanecido em coma dezenas de anos. Coitado. Sinceras
    melhoras. Sempre haverá esperança que o bom senso.

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