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Nuno Vasconcellos em guerra aberta com Balsemão

10 de Outubro de 2011


Nuno Vasconcellos acusa Pinto Balsemão de ter iniciado uma guerra contra a Ongoing e de usar os media do grupo Impresa para esse efeito. E esse nem é o pormenor mais significativo de uma entrevista que concedeu ao “Público”.

Nuno Vasconcellos

“Balsemão pode ter sido um pai, mas faço aquilo que tenho de fazer contra tudo e contra todos”

Por Bárbara Reis e Cristina FerreiraO “episódio Bairrão” pôs em evidência as ligações da Ongoing a grupos das secretas, com a passagem de informação confidencial para a empresa. Vasconcellos desmente ter recebido dados e desvaloriza a ligação aos serviços de informação. Alega que é uma tentativa dospitbulls de Balsemão para denegrir a sua imagem


A conversa decorreu ao longo de três horas na sede da Ongoing, no Chiado, em Lisboa. O presidente, Nuno Vasconcellos, de 46 anos, apontou desde o primeiro momento as baterias contra Francisco Pinto Balsemão, seu padrinho de casamento, e de quem o seu pai foi braço-direito e grande amigo durante 40 anos. O proprietário doDiário Económico, que vive metade do ano no Brasil, diz que o líder do grupo Impresa, no qual a Ongoing tem 23%, prossegue uma estratégia de poder que não gera riqueza, pois, em dez anos, perdeu 90% do seu valor e não distribuiu dividendos. À acusação de que está a prejudicar a Impresa, responde: na Ongoing, há “respeito pelo dinheiro” e “bom senso”. “Não somos nenhuns tarados!”

Que avaliação faz dos primeiros 100 dias do Governo?

Não tenho seguido muito de perto a política aqui e, portanto, não quero fazer nem grandes elogios, nem grandes críticas. Vi outro dia a entrevista que a Maria João Avillez fez ao ministro Miguel Relvas e foi a primeira vez que tive respostas a algumas perguntas que foram feitas. Achei que foi bastante assertivo naquilo que disse.Não sente a falta dessa informação sobre o país?

Sinto e leio. Mas uma coisa é estar por dentro, outra é ler o que vem nos jornais, que é uma leitura um pouco superficial.

Um patrão dos media que não se informa sobre o país onde tem os seus investimentos…

Isso é uma provocação! Eu estou informado e a informação que tenho chega-me. Outra coisa é estar informado a um nível de detalhe que só interessa a alguns. O meu negócio não é o país, não fui eleito para governar o país. Eu tenho um negócio para gerir. O meu negócio chama-se Ongoing.

Neste quadro de crise, como é que a Ongoing se vai reposicionar, pois, à semelhança de outras empresas, cresceu alavancada em dívida?

Rejeito esse argumento!

735 milhões de dívida líquida não é dívida?

Qual é a dívida da Sonae [proprietária do PÚBLICO]? É maior do que a minha, em proporção.

Mas tem activos industriais.

E eu não tenho?

Onde estão os activos?

No Brasil, em Portugal. Tenho 10% da PT, 23% da Impresa. Só da PT, recebi 400 milhões de dividendos, para um investimento de 600 milhões.

Qual é o valor dos activos da empresa?

Andam perto de 1,8 ou 1,7 mil milhões de euros.

Activos e dividendos?

Claro. Parte dos dividendos foi usada para amortizar dívida. Em 2010, amortizámos perto de 150/160 milhões de euros de dívida. Deve haver um fétiche com a dívida da Ongoing, porque não se fala da dívida das outras empresas, só se fala na dívida da Ongoing. E eu gostava de a desmistificar. Às vezes, pergunto-me: será que eles são accionistas da Ongoing? Uma empresa privada, com um dono, que não está na bolsa, e eu dou tanta justificação a esta gente? É extraordinário. Somos uma empresa completamente transparente. Agora comprámos 3% da PT, numa altura complicada do país…

Foram vocês que compraram?

O que quer insinuar com isso?

Uma das dúvidas que os analistas têm levantado…

Quem são os analistas?

A pergunta é se a totalidade dos 10% da PT corresponde a acções detidas pela Ongoing ou se esta apenas possui 6,6%, pertencendo o restante a pequenos accionistas que, por questões de racionalidade fiscal, se juntaram.

Os 10,05% são inteiramente detidos pela Ongoing, onde não existe um único accionista directo ou indirecto. Que fique claro. Mas, se houvesse, não era crime. Até seria engenhoso da nossa parte se o tivéssemos feito.

Pode explicar onde estão os activos da Ongoing que valem 1,7 mil milhões de euros?

A posição na Zon anda à roda de 50 milhões, a da PT 450 milhões, o grupo BES/holding 80 milhões. Temos cerca de 29 empresas no grupo e não sei o valor de cada uma. Sei que a nossa área de tecnologias teve uma valorização de quase mil milhões de euros. É uma área que não conhecem, nem vão conhecer tão cedo.

Porquê esconder?

Não escondemos nada. São empresas pelas quais temos um grande carinho – ainda agora assinei um protocolo na China com uma – que estão a crescer fora de Portugal. Temos empresas na área da saúde, Internet, digital e marketing que têm um valor bastante elevado, mas não vou falar de avaliações individuais, que isso é um segredo da casa.

Porquê esse segredo?

Por que é que não havia de ser um segredo da casa? Por que é que eu hei-de entregar à minha concorrência as avaliações e o meu plano de negócios? Se eu tenho um só accionista e se não estou cotado em bolsa… Quem ganha? É que eu só perco…

Por que é que acha que há esta percepção da Ongoing, quase um manto de suspeição? Terá a ver com o facto de não revelarem contas?

Nós revelamos as contas. Em 2008, revelámos contas e toda a gente se focou na nossa dívida. Por que não se focaram nos activos? Por que não se focaram no EBITA? Por que não se focaram nos 236 milhões de euros líquidos que a Ongoing teve de resultados em 2008?

Mas não faz a pergunta a si próprio?

Vivo pouco tempo neste país. Passo a maior parte do tempo a ver onde é que posso fazer um negócio, onde é que posso ir buscar valor para o meu accionista. Não passo tempo preocupado com o que as pessoas possam dizer de nós nos jornais. Há pessoas que adoram ler coisas sobre elas próprias. Eu, com franqueza, não ligo muito.

Não se googla, portanto.

Não tenho interesse. Se lhe disser que não estou preocupado com o que possam dizer sobre mim seria uma mentira, porque isto é a reputação de uma família que há 150 anos decidiu investir no seu país com capitais próprios.

A Ongoing não existe há 150 anos. A reputação da família Rocha dos Santos não é a da Ongoing, há uma separação entre o que fez o seu avô e o que faz a Ongoing. São empresas diferentes com…

O dinheiro é o mesmo…

Mas os ingredientes são outros: loja maçónica Mozart, serviços secretos, media, consultora que recruta e coloca quadros nas grandes empresas.

Acho que vocês tem que ver qual é o outro ingrediente que faz com que isto aconteça.

Qual é?

Está ver aquela pilha de jornais? São Expressos. Desde há dois anos, quando propus um aumento de capital a Balsemão, que a SIC e o Expresso não têm parado de fantasiar e criar factos sobre a Ongoing. Até lá, a Ongoing era assim tão falada? Não era.

Por que começou a ser falada?

Porque há um senhor, esse sim, que tinha e tem um projecto de poder, que pediu 400 milhões de euros a pequenos accionistas. O que é feito dos 400 milhões, 11 anos depois? Sabe quanto valem hoje? 40 milhões. O normal é dizer: investi 400 milhões, hoje tenho dois mil milhões. Se tivessem multiplicado, até era pouco. E quanto houve de dividendos? Zero. Quando fiz a proposta, Balsemão estava no seu direito de dizer que não e eu disse: então vou para a TVI. E aí caiu o Carmo e a Trindade.

Balsemão diz que, enquanto esteve na administração da Impresa, nunca criticou a gestão e que há até elogios seus em acta. Porquê a mudança?

Muitas vezes, num conselho de administração, queremos ser delicados. Nunca fiz grandes elogios, talvez uma vez. Não vão ver muitos elogios em actas. É natural que tenha feito algumas críticas a Balsemão e, por uma questão de respeito, talvez as tenha feito em privado. Não vou mandar pôr as críticas em acta.

Entre esse cuidado de respeitar um amigo do seu pai e os actuais processos em tribunal vai um extremo…

Pois vai. Mas esquecem-se do que se passou nos últimos dois anos. Acha normal que haja pessoas que me chamam “bandido” num jornal?

Quem lhe chamou bandido?

O Nicolau Santos. Então toma lá com um processo em cima.

Num artigo de opinião?

Ele é director de um jornal [Nicolau Santos é subdirector do Expresso]. Não é um qualquer. Ele escreve e diz que somos gente perigosa. Terá de o provar em tribunal.

A expressão surge para falar de uma empresa com um projecto de poder.

O que é isso de “projecto de poder”? Acham que eu quero ser primeiro-ministro?

A Ongoing tem ido buscar pessoas cirurgicamente: o deputado Agostinho Branquinho, o espião Silva Carvalho, o secretário de Estado Costa Pina…

Vá lá que haja 10 pessoas em 1500.

E os do Brasil…

Quem no Brasil?

Tem colaboradores ligados ao Partido Trabalhista, no poder.

Quem?

A mulher de José Dirceu, político envolvido no escândalo do Mensalão.

E a mulher não tem direito a trabalhar? Porque é mulher do José Dirceu?

Ela foi chefe de gabinete dele…

Pois foi. Sabe qual era a função dela? Fazia eventos. E uma das grandes tradições doDiário Económico é fazer eventos. Fomos buscar a pessoa certa: a âncora dos eventos são pessoas importantes que partilham o seu conhecimento. Como é que um zé-ninguém no Brasil pode atrair essas pessoas?

E tem ainda como colunista no Económico Brasil, de que é proprietário, o próprio José Dirceu, classificado pela revista Veja como um Dom Corleone…

Não se baseie naquilo que as pessoas dizem, investigue. Dirceu, Fernando Henrique Cardoso, Beluzio, Michel Temer são colunistas. Uma pessoa não deve ir nessas conversas. Isto é tão ridículo. Um projecto de poder não é aquele que nós temos. Nós temos um projecto económico. Um projecto de poder é aquele que não dá dinheiro e dá muito poder.

Mantém o objectivo de investir 350 milhões de euros?

Sim. Tivemos, no ano passado, 240 milhões de resultados, 40 milhões em 2009. Dá para amortizar dívida e investir. Acabei de assinar um acordo com o Banco do Brasil para gerir e distribuir activos na Europa. O Banco do Brasil tem 500 milhões de euros… Temos sociedades de investimento: uma em Londres, outra no Luxemburgo e outra no Brasil.

São aqueles negócios que vocês não conhecem, porque nós não andamos por aí a dizer temos isto e aquilo. Já tenho dito aqui: não falem, porque sai tudo deturpado. Esse Nicolau Santos, que é director há dez anos de um jornal, a quem é pago um salário, do qual eu pago 23%, diz, sem nunca ter feito uma pergunta à Ongoing, que a Ongoing tem um projecto de poder. Mas ele já olhou para o accionista dele?

Está a dizer que foi o Expresso que construiu esta imagem da Ongoing?

Não posso dizer que a Ongoing tenha bad press. Mas existe uma certa perseguição. As notícias começam no Expresso ou na SIC Notícias, e depois o PÚBLICO pega, depois o Correio da Manhã.

O seu avô era um empresário tradicional. Mas a Ongoing rompeu com o passado?

A Ongoing não fez um corte com o passado. O sangue que me corre nestas veias é dos meus antepassados. Eu estou aqui sentado nesta cadeira graças aos meus antepassados. Não é mérito meu, eu sou um veículo de passagem, o meu objectivo é criar valor para que as próximas gerações possam ter a mesma sorte que eu tive.

Ainda não confirmou se está ligado à maçonaria. É ou não é o chefe da Loja Mozart?

[Risos] Olhe para ali [aponta para a parede onde está um quadro com a imagem de uma santa]!

Mas está ou não ligado à maçonaria? O seu sócio está ou não ligado à maçonaria espanhola?

Já perguntou a Balsemão se ele faz parte da maçonaria? Eu, sobre questões pessoais, não respondo. Somos um grupo onde cada um não anda a dizer ao que pertence. Não vou responder se vou à missa ao domingo. Eu não quero dar informações pessoais. A minha vida e as minhas crenças não têm que ser devassadas por nenhum jornalista, nem por ninguém. As pessoas lá fora não têm de saber o que faz o Nuno Vasconcellos, presidente da Ongoing.

Mas Nuno Vasconcellos não é apenas presidente da Ongoing, é mais do que isso.

É pai, é marido…

E é o rosto de uma empresa que tem 10% da PT, uma das maiores empresas portuguesas, que tem 23% de um semanário influente e dois diários económicos. É uma figura pública.

E, pelo facto de ser uma figura pública, sou obrigado a dizer quais são os meus hábitos pessoais?

A ligação à maçonaria é uma questão relevante numa estratégia de conquista de poder económico?

Acha que eu preciso de alguma dessas plataformas para ganhar poder económico? Acha que eu, que tive a sorte de ter nascido num núcleo familiar como o meu, precisava de me ligar a uma associação para ganhar poder?

O que se sabe é que a Ongoing se posicionou de modo a ter acesso a uma confluência de interesses: serviços de informações…

Abra os seus horizontes. A British Petroleum contratou pessoas dos serviços secretos. Quando contrato as pessoas, não sei o que elas são. Quando contratei o Jorge Silva Carvalho, sabia, porque era público, mas os outros não sabia. No currículo deles não vem se eles trabalhavam nas “secretas”.

No currículo de Paulo Félix, que está agora na Ongoing, diz que foi da Europol, da Polícia Judiciária…

Do Paulo Félix não vem. Ele trabalhava lá fora, e ele há 10 anos já escrevia artigos como sendo um dos grandes craques da Internet a nível mundial. Ele vivia em França. Se é das “secretas”, não sei, agora que ele trabalhou em áreas de informática, trabalhou. Como estamos nesse negócio, contratámo-lo.

O que é que fez à informação que Silva Carvalho lhe deu sobre os russos?

Nego em absoluto que tenha recebido informação do Silva Carvalho. Nem dele, nem de qualquer outro director do SIS ou do SIED. É uma fantasia pura e a criação de factos, e sabem muito bem por quem.

Quem das “secretas” está mais na Ongoing, além de Silva Carvalho, João Alfaro e Paulo Félix?

No currículo de Paulo Félix, isso não consta.

O “episódio Bairrão” [antigo administrador da TVI que foi convidado e depois desconvidado para o Governo PSD/CDS] veio pôr em evidência as ligações da Ongoing às “secretas” e à maçonaria.

Sinceramente, estou cansado. Sabe que eu sou amigo do [Bernardo] Bairrão, que foi casado com a Mariana Mexia, que é como se fosse minha irmã. O Bairrão é quase como se fosse meu primo. Acha que eu alguma vez faria mal ao Bairrão? O Bairrão era uma pessoa que eu adorava que viesse trabalhar comigo. Mas o que é o “episódio Bairrão”? Investiguem quem é que tem interesse em andar a manipular esta informação e em condicionar o crescimento da Ongoing.

De novo Balsemão?

Balsemão e os seus pitbulls.

Está a falar de quem?

Algumas das pessoas que trabalham com ele. A diferença entre mim e Balsemão é que eu só vou a jogo quando acho que é decente ir a jogo. E eu sou uma pessoa de bem, transparente. E, para mim, isto é “sacanagem”, como se diz no Brasil, e eu na “sacanagem” não brinco.

Balsemão diz que a Ongoing está a desvalorizar a Impresa com os processos em tribunal. Qual é o seu comentário?

Eu quero muito que a Impresa sobreviva. Quero que ganhe dinheiro, porque é o meu dinheiro. É o dinheiro dos meus accionistas. Só alguém que esteja louco é que pode dizer que eu estou a desperdiçar dinheiro dos meus accionistas.

Balsemão disse que, com os processos, prejudica a Impresa.

Se Balsemão tiver de lançar a OPA, não está a prejudicar os accionistas. Porque a OPA é um valor.

Se lançasse uma OPA, vendia?

Depende do valor. Aprendi com os banqueiros que tudo se vende e tudo se compra. O problema é o “após”.

Não se sente a trair um grande amigo do seu pai?

A trair como?

Ao entrar nesta guerra.

Não fui eu quem lançou a primeira pedra. Eu fui propor a Balsemão, por escrito, um aumento de capital, e fui dar-lhe dinheiro para as mãos: estão aqui 60 milhões para a sua empresa. Disse-lhe: deixe-me partilhar consigo o management, deixe-me ter o mesmo papel que o meu pai teve [que foi o braço-direito de Balsemão]. Ele continuava a ter a maioria e era presidente. Não quero mandar nos conteúdos, aí quem manda é você, quero gerir a empresa e dotar a SIC com dinheiro e trazer para a SIC o José Eduardo Moniz. E mais: quem paga ao Moniz sou eu, porque o senhor está sempre a dizer que ele custa muito dinheiro. Isto foi dito ao almoço no restaurante Pabe e no sábado estava tudo escarrapachado no Expresso. Quando eu lhe tinha pedido que não dissesse nada porque ainda não tinha assinado o acordo com Moniz, o que ia acontecer na segunda-feira.

Essa foi a primeira pedra?

Foi. E nunca me respondeu, a não ser quando fiz a primeira conferência no Hotel Ritz, para anunciar a contratação do Moniz. Ele ligou-me e disse: “É para que tu saibas que aquele acordo, se não ficou claro, eu não aceito o aumento de capital”. Eu disse: “Ok, não se preocupe”. Mas a resposta de Balsemão foi-me dada no Expresso. Acha isto normal?

Está, ou não, interessado na RTP?

A Impresa é a minha prioridade. Estou focado em salvar a companhia. Mas nunca se pode dizer que desta água não beberei. Já disse que, enquanto fosse accionista relevante da Impresa, não seria accionista de mais nenhuma empresa fora do grupo. Em relação à RTP, ainda não se sabe bem o que vai acontecer. O Governo diz que vai ser privatizado um canal.

Parece-lhe bem?

Devia ser privatizado tudo! Não acho bem que os portugueses paguem um milhão de euros por dia, que saem dos meus impostos e dos seus.

Não é importante haver serviço público de televisão?

Não se pode confundir serviço público com televisões. Há televisões privadas que prestam melhor serviço público. E por que não se pede às televisões privadas que prestem x horas de serviço público? Como o mercado é pequeno, podia ser uma forma de fomentar a indústria e a economia. Concorrência a mais leva a que se baixe o nível da produção. O mais sensato seria que o Estado dissesse: não vou gastar 365 milhões de euros, nem 200 milhões. Mas está aqui um montante que vai ser distribuído pelos três canais, tendo como contrapartida a produção de qualidade. Têm que fazer x de programação internacional, têm que falar x de Portugal, os conteúdos têm que ser feitos por empresas portuguesas. Até podia propor, numa segunda fase, ir buscar verbas aos brasileiros, aos angolanos, para promover a língua, as tradições entre países.

Teve alguma conversa com o primeiro-ministro ou com o ministro Miguel Relvas?

Não, sobre este tema não falei com ninguém que esteja no Governo.

Porquê?

Porque não estou interessado. Acha que estou interessado em perder dinheiro?

Concorda que o seu projecto não é jornalístico?

Eu estou numa missão: criar valor para os meus accionistas. Há cinco anos, disseram-me: “Tens aqui este capital, que é quase como se fosse um fundo de pensões da família”. Disseram-me: “Toma lá um Fiat e, daqui a 25 anos, dá-me um Ferrari”.

Ao desvalorizar a Impresa, com os processos judiciais, não está a favorecer um potencial comprador?

Não quero mal a ninguém. Não quero mal a Balsemão. Tudo o que tenho feito é de consciência tranquila. Não sou manipulável, Balsemão pode ter sido o melhor amigo do meu pai, pode ter sido um pai, mas faço aquilo que tenho de fazer contra tudo e contra todos.

Desvalorizar a empresa não ajudaria a comprar a SIC mais barata?

Faça as contas. Veja a quanto é que provavelmente teremos comprado e qual é o valor actual. Se as acções descerem, perdemos o dinheiro que lá está. Para comprar o quê? Quanto mais cai, mais difícil é voltar para cima. Somos pessoas de bom senso, não somos nenhuns tarados. Temos muito respeito pelo dinheiro. O dinheiro custa-nos muito a ganhar. Não nos nasce das árvores. Aqui, destruir valor é pecado.

“Público” 9 Out 2011

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1 Comentário »

  • lidia sousa said:

    NãO me perguntem porquê mas gosto deste homem. Só de ouvir o Crespo berrar: Quem é a ONGOING? De onde vem o dinheiro da ONGOING? VÊ-SE LOGO QUE É UMA LAVAGEM DE CÉREBRO ENCOMENDADA pois toda a gente da Impresa e da SIC sabem quem é o Nuno Vsconcelos.
    Esta guerra patricida deve ter mau fim, ms de momento tudo joga a favor do Pdrinho pois tem o poder do País controlado e parafraseando Jorge Corelho, QUEM SE METE COM O XICO LEVA.

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