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Amanhã, 3ª feira, há de novo “Cuidado com a Língua!”

27 de Fevereiro de 2017


O programa televisivo “Cuidado com a Língua!”, que esteve fora de jogo nas duas últimas semanas devido à transmissão de jogos da Liga dos Campeões  Europeus de Futebol, regressa  amanhã, terça-feira, aos ecrãs da RTP 1 (21 horas) e dos canais internacionais da televisão pública. Este programa, de excelente qualidade técnica e grande utilidade para melhor se compreender e aprender correctamente a língua portuguesa, é da maior importância para a população em geral, para as escolas e, obviamente, também para os jornalistas. Um verdadeiro serviço público de televisão, já vai na sua 9ª série, tendo sido profundamente renovado recentemente, após um incompreensível e longo interregno. (RC)

Nesta sua nova versão, com a apresentação do actor Diogo Infante e a locução da jornalista Maria Flor Pedroso, Cuidado com a Língua! conta com a participação da professora Maria Regina Rocha (consultora linguística) e dos guionistas João Lopes Marques e Paula Campos (a partir da oitava série). A realização tem a assinatura de Ricardo Freitas, e a produção, grafismo e edição é da produtora ‘Até ao Fim do Mundo.

A autoria do programa é do jornalista  José Mário Costa, que é igualmente o responsável do sítio na Internet Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

De acordo com este nosso camarada de profissão, com quem o Clube de Jornalistas conversou a propósito desta nova fase do “Cuidado com a Língua!”, o objectivo do programa é, em primeiro lugar, estimular o bom uso, e o culto, da Língua Portuguesa.

“E isso não passa, só, pelo apontar dos erros, disparates e barbarismos mais vulgarizados, e respectiva correcção. Implica, também, simultaneamente, o registo e a valorização dos melhores exemplos que a enriquecem dia a dia, a começar na diversidade dos seus tão distintos falares, em Portugal como nos demais sete países lusófonos” – adiantou ainda.

Ainda segundo José Mário Costa, ‘o programa destina-se, e interessa, a todo e qualquer lusofalante, independentemente do nível de escolaridade, classe social ou nacionalidade. Por isso passa em todos os canais do serviço público de televisão, incluindo os canais internacionais da RTP”

Com uma duração de 15 minutos, o programa é ainda, segundo os seus responsáveis, “um espaço didático e ao mesmo tempo informativo e lúdico, divertido e com algum humor q.b.. Com um tema por emissão (dividido em módulos), mas  com a flexibilidade de tratar um só assunto, sempre que a importância, as necessidades de abordagem ou a actualidade assim o aconselharem. Cada programa tem sempre um convidado (actores ou especialistas no tema abordado), combinando cenas ficcionadas, com imagens de actualidade e outras de arquivo ou filmes,  grafismo, animação,  diagramas,  vídeo e efeitos sonoros apropriados. A montagem acentua a vivacidade de uma língua tão variada como a nossa”.

 

Fio condutor

Sempre com um fio condutor entre os vários módulos temáticos, e jogando o mais possível com a actualidade (uma palavra/erro na moda, algo que tem a ver com o mês, o tempo, a política e não só, etc.), o programa articula-se em rubricas. Por exemplo:

  1.  Palavras com história.

Sobre a história e influências da Língua Portuguesa (dos primórdios da romanização aos tempos actuais, palavras portuguesas por esse mundo fora, sempre a partir de um exemplo concreto: vocabulário de origem latina, árabe, francesismos, brasileirismos, africanismos, etc.). Mas também sobre a origem e curiosidades à volta de palavras (amigos de Penichea casa da mãe Joanaa cavalo dado não se olha o dentede cabo de esquadradeitar carga ao marficar a ver naviosnão ter os alqueires bem medidosmais as vozes que as nozespara inglês verpintar a mantaterra de ninguém; etc. ), expressões idiomáticas (fila indiana, etc.), frases feitas, ditos populares, provérbios, topónimos, nomes de pessoas; modismos; corruptelas (mais ou menos divertidas como chamar “pinochet” a um “panaché“, ou porque se chama ”garoto” a um café misturado com leite, ou “penalti” a um copo de vinho, o cimbalino no Porto…); palavras ontem com um sentido e hoje com outro (marechal, tratante, vilão, etc., etc.) antónimos, sinónimos, parónimos; etc., etc.

  1.  Como Diz?

Erros, barbarismos, disparates – ortográficos, semânticos, frásicos, de pronúncia, etc. –, populismos; estrangeirismos mal empregados, pleonasmos, redundâncias, vícios de linguagem. Tudo a partir de registos sonoros verdadeiros  (rádio, TV), dos jornais, de “outdoors,  da publicidade, dos blogues da Internet,  etc.,  etc., etc.) Uma sub-rubrica, “Português Maltratado”, tem a participação dos telespectadores, que enviam ao programa imagens de atropelos à língua, por esse país fora.

 

  1.  Em português nos (des)entendemos?

Diferenças do Português de Portugal, do Brasil, de Angola, de Moçambique, etc., tendo em conta os imigrantes lusófonos residentes/a trabalhar em Portugal, mas também por o programa passar nesses países da CPLP.

[Por exemplo, sobre a correspondência em Portugal, no Brasil, em Angola ou em Moçambique de um provérbio como de árvore caída todo o mundo faz lenha;,  ou de palavras como magnólia (como no Porto se chama às nêsperas…), bichabunda (bumbumcalípiahotentote,etc); suco/sumochope,  makamaninguepirangueirozagueiroveado, etc., etc., etc.]

  1.  Língua Viva

Exemplos de bons neologismos, novas palavras e expressões que não estão dicionarizadas mas foram bem inventadas segundo a feição do português, e por quem; estrangeirismos sem tradução, etc.

[Apagãobuzinãoestultificantetarudoblogue/blogosferavidrãoprecdeditizarbancar; etc., etc.]

  1.  Palavras Mutantes

A evolução semântica de palavras e expressões ao longos dos tempos (casos de “marechal”, “bestial” ou de “sacana”).

  1.  Sabedoria Popular

Expressões populares, ditos e provérbios (sempre que possível, com as diferenças em Portugal e noutros países de língua portuguesa).

Ribeiro Cardoso

 

[Os mais recentes programas das últimas oito séries do ‘Cuidado com a Língua!’, emitidas pela RTP, podem ser visionados aqui – estando a 9.ª série a passar desde o dia 17 de janeiro de 2017.]

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